Quando for... algum dia...

“Com os idosos está a sabedoria, e na abundância de dias o entendimento.” Jó 12:12.

Eu também terei um entardecer.. é a lei da vida... e direi o mesmo a meus filhos... quando for velho...!

Quando chegar a velhice, e eu já não for o mesmo, tenham paciência comigo, compreendam-me.

Quando derramar comida sobre minha camisa e esquecer de amarrar meus sapatos, lembrem das horas que passei ensinando-lhes a fazer essas e outras coisas. Se ao conversar com vocês repetir uma e outra vez as mesmas histórias que já conhecem como terminam, não me interrompam; por favor, escutem-me. Quando vocês eram pequenos, para fazê-los dormir tive que contar muitas vezes a mesma história, até que fechassem os olhinhos.

Quando estivermos reunidos, e sem querer sujar as calças, não se envergonhem, compreendam-me, não tenho culpa, pois já não posso controlar meu corpo. Pensem nas muitas vezes que os ajudei quando eram crianças, estando ao lado de vocês, tive paciência até que terminassem de fazer suas necessidades. Quando não quiser banhar-me, por favor não me censurem, não me repreendam por isso. Lembrem-se das vezes que eu os busquei, e as mil maneiras que inventei para fazer do momento do banho uma hora agradável. Aceitem-me e perdoem-me, agora a criança sou eu.

Quando chegar a hora em que eu esquecerei o assunto que estivermos conversando, dêem o tempo necessário para me recordar o tema, e se não vier à memória, não zombem de mim.

Talvez não seja importante o que lhes contei neste momento. Vou me dar por satisfeito se tão somente prestarem atenção ao que lhes disser nessa hora. Quando falharem minhas pernas, por estar cansado para andar, com ternura estendam suas mãos, para me apoiar em vocês, como o fiz para vocês quando começaram a dar seus primeiros passinhos.

Por último, quando chegar o momento em que me ouvirem dizer que já não quero viver e só desejo morrer, não se aborreçam. Algum dia, entenderão que isto não tem a ver com o carinho e o quanto os amei. Tentem compreender que já não viverei, senão que estarei sobrevivendo, e isso não é viver. Sempre desejei o melhor para vocês, razão pela qual preparei os caminhos que agora estão seguindo. Sigam por eles, para que se a morte nos separar, nos reencontremos quando Jesus voltar.

Não se sintam tristes ou impotentes ao me ver assim. Dêem-me carinho, compreendam-me e apóiem-me como eu fiz quando vocês começaram a viver. Da mesma maneira como eu os acompanhei no início da vida, peço que me acompanhem ao terminar a minha. Dêem-me amor e paciência... que lhes devolverei gratidão e sorrisos com um imenso amor que tenho a cada um.

E se por alguma razão eu os esqueci, por favor, só peço que não se esqueçam de mim..!

Rev Adventista, Buenos Aires, Argentina: Casa Editora Sudamericana, Jun 2001

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